A chegada foi caótica, mas eu gostei do encontro com a cidade. O lado aparentemente desordenado da cidade permitiu-me um anonimato muito bem-vindo. Contratei um guia logo no aeroporto e ele me levou para um hotel mais perto do centro. A única incógnita era como ia fazer para encontrar o meu irmão nesta cidade tão diferente de tudo o que conhecia. Lembrava-me ter ouvido falar por alto de um bazar no centro da cidade, então deixei as coisas num hotel perto do aeroporto e dirigi-me lá, com a esperança de conseguir algum indicio. Durante a viagem eu só conseguia pensar no que dizer quando encontrasse o meu irmão. Interessantemente não me passava pela cabeça a possibilidade de não o encontrar, mesmo numa das cidades mais caóticas que conheci. A minha esperança era que aquela coisa que contam sobre os instintos e ligações entre gêmeos fosse mesmo verdade. Sem isso as chances de encontrá-lo eram reduzidíssimas.Uma vez instalado no hotel, saí para o centro da cidade, com a esperança de ter alguma revelação. Eu pensava na palavra epifania, que tinha aprendido pouco tempo antes. Epifania: uma revelação. Era o que eu precisava naquele momento.
Durante esse tempo morto eu tentava juntar as peças dos acontecimentos, e sobretudo, tentar construir algum raciocínio para a conversa com o Ezy. Eu não entendo o que aconteceu. Beijei a namorada dele e ele viu. Depois disso não disse mais nada, simplesmente desapareceu. A Taby também. Dias depois ele voltou a aparecer e eu só conseguia dizer que não tinha acontecido nada. Sim, simplesmente o pânico. Até hoje eu não faço ideia se ele conversou com a Isa depois disso. Tenho a certeza que ele conversou com a Taby porque ela nunca mais quis me ver. Daquele momento em diante nunca mais atendeu os meus telefonemas, não me recebia em casa, deixou de ir aos mesmos lugares etc. Assim. Como o cortar do cordão umbilical.
Durante esse tempo morto eu tentava juntar as peças dos acontecimentos, e sobretudo, tentar construir algum raciocínio para a conversa com o Ezy. Eu não entendo o que aconteceu. Beijei a namorada dele e ele viu. Depois disso não disse mais nada, simplesmente desapareceu. A Taby também. Dias depois ele voltou a aparecer e eu só conseguia dizer que não tinha acontecido nada. Sim, simplesmente o pânico. Até hoje eu não faço ideia se ele conversou com a Isa depois disso. Tenho a certeza que ele conversou com a Taby porque ela nunca mais quis me ver. Daquele momento em diante nunca mais atendeu os meus telefonemas, não me recebia em casa, deixou de ir aos mesmos lugares etc. Assim. Como o cortar do cordão umbilical.

E veio o “incidente”. Ou acidente, chamem como quiserem. Eu tento colocar a culpa no álcool da festa...mas não me convenço. Eu tinha bebido, sim. Como a Isa. Mas eu estava lúcido o suficiente para saber o que estava a fazer, assim como imaginar as consequências...
É como se uma vez eu quisesse romper com esse longo rio tranquilo que parecia ser a minha vida...
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David
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