domingo, 5 de junho de 2011

Uma história simples...(013 – Memórias...)

Passei bem os últimos dias, cumprindo o que estava previsto em minhas anotações de "para visitar no Egito". Consegui até mesmo agendar um encontro com o historiador Richard Lebeau, que veio ao Cairo para uma conferência sobre história das religiões. Quando vi seu nome indicado no folheto da conferência, não resisti e fiz minha inscrição. Foi muita coincidência estar aqui nesse momento. Eu tinha lido seus livros sobre o Oriente Médio na faculdade e tinha muitas dúvidas, muitos questionamentos a fazer. Após sua palestra, aproximei e me apresentei: "Tábata, formada em história e sua fã". Que ridículo, mas foi assim mesmo...

Apesar da péssima apresentação, foi empatia à primeira vista. Conversamos por mais de meia hora ali, em pé, até que os organizadores do evento pediram licença para fecharem as salas... saímos para continuar a conversa em um café e o encontro terminou com um jantar no tímido Alfi Bey, onde pude experimentar cozinha egípcia tradicional, acompanhada por um especialista no assunto. Foram horas falando sobre história, evolução da humanidade, rumos das religiões... Foram momentos inesquecíveis.

Após o jantar, Richard me deixou no hotel, trocamos endereços de e-mails e promessas de continuarmos nossas conversas sobre história, historiadores, civilizações e religiões via internet. Ao entrar no elevador do hotel, ouvi a risada de Isa, grande amiga que fiz na faculdade. Voltei para procurá-la, em um gesto instintivo. Então, me dei conta da bobagem. Só poderia ser uma risada parecida... há tanto tempo eu não a ouvia. Desde que ela mudara para a Califórnia, ao fim do curso de Filosofia. Verdade que tínhamos pensado muito em vir para o Cairo, juntamente com Tiago e seu irmão. Mas não aconteceu. O grupo se dissolveu antes e ela nem imagina que eu estou aqui agora.

De volta ao quarto só consigo pensar nessas imagens do passado que me perseguem aqui. Outro dia o Tiago, no café. Agora, a Isa. Pessoas tão presentes por tanto tempo, que se perderam de forma tão rápida, tão contundente. Uma amiga, um namorado, uma aventura... Tudo é passado e lá deve ficar.

Racionalmente eu sei que é assim. Mas na prática, não consigo fazer. É como se quisesse estar com eles novamente, a todo instante, fazendo a viagem que sonhamos e tanto falamos. Queria que nada tivesse acontecido como foi, que nada tivesse estragado nossos planos, nada tivesse mudado o rumo tão simples de nossa história.

E com isso voltam minhas alterações de humor. Por que, mesmo sendo tão jovem, e com a consciência de que ainda vou ter muitos amigos, namorados e planos perdidos pelo caminho, só consigo pensar agora que o melhor seria acabar com tudo, com toda essa história? Ou, ao menos, nunca mais voltar a lugares onde já estive e nem seguir pelos lugares que planejei com eles?

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Sandra
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Um comentário:

  1. https://verdade-rigor-honestidade-diferente.blogspot.com/2018/12/131218-com-o-pir-todas-as-historias.html?view=timeslide

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