segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Uma história simples...(016 – Confusa...)

Desde aquele beijo, sempre que ouço essa música me lembro deles. E quanto mais o tempo passa, menos sei em quem penso exatamente. É como se os dois tivessem se transformado em um ser completo. O que eu odiava em no Ezy, o Tiago tinha de perfeito. O que faltava no Tiago, o Ezy mostrou que seria capaz de suprir. Por que o Ezy me beijou daquela maneira tão inesperada, como algo momentâneo e até indesejado? Não entendo. Nunca eu tinha percebido nenhuma insinuação, nenhuma atração, nada por parte do Ezy. Um belo dia, nos encontramos e ele me abraçou e me beijou como se eu fosse a mulher de sua vida, me apertando contra seu peito, como quem quisesse garantir a posse...

Logo ele, em nada possessivo. Ele que vivia uma relação tão bonita e leve com a Isa. E aquele beijo me provocou sentimentos inesperados. Teria sido tão mais simples se Tiago não viesse me sufocando com seu ciúme, sua posse, seu domínio. Eu procurei naquele beijo a liberdade que Tiago me tirava. Procurei no Ezy a única coisa boa que ele podia me dar, porque todo o resto já tinha sido dado por Tiago. Eu gostei. E me odiei por isso. E nunca mais consegui encarar o Tiago.

E, desde então, sempre que quero pensar na vida, me afastar do mundo, coloco essa música no meu fone de ouvido e fico alheia à humanidade. É estranho caminhar pelas ruas do Cairo, ver a movimentação das pessoas, a agitação dos carros, e me sentir em câmera lenta, em uma outra dimensão. Entre eles, mas fora deles, porque sou carregada por essa música repleta de harmonia, que tocava no momento em que duas histórias de amor se perderam por um beijo.

Eu sei que devia deixar os dois e as duas histórias no passado. Mas não consigo. E, por mais contraditório que pareça, é pensando nessas histórias, ouvindo a música de fundo do fim delas, que encontro minha paz.

Preciso mudar de rumo. Tenho que sair do Cairo. Já fiz mais do que estava previsto. Cumpri minha agenda de vontades e ainda tive o encontro com o professor Richard Lebeau.

É isso. Vou embora. Mas não vou voltar para casa. Tenho ainda algumas reservas do apartamento e do carro que vendi. Vou para outro lugar. Um lugar que nem sei ainda. 

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Sandra
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